O que o “efeito Americanas” pode causar ainda no mercado de crédito e na economia como um todo? A resposta está no episódio #34
Janeiro começou com uma bomba na Bolsa. No dia 9, em fato relevante, a Americanas comunicava ao mercado que havia encontrado “inconsistências” de R$ 20 bilhões em seus balanços e que seus recém-empossados CEO e CFO estavam deixando a companhia.
Foi uma surpresa geral, ou quase. “Percebi um problema no varejo em maio de 2022 e a partir dali saí de todo setor varejista”, diz Michel Rubin, um dos convidados do Market Makers desta semana.
Rubin não é um engenheiro de obra pronta, mas o diretor de crédito da M8 Partners, uma gestora especializada em fundos de direitos creditórios, os FIDCs, e analisa com lupa a qualidade do crédito das empresas e seus fluxos de pagamentos há anos.
E em maio de 2022, ele começou a perceber, que a saúde financeira da Americanas não era o que parecia. “Quando a taxa de juros volta lá pra cima, aumenta o endividamento daquela parte mais baixa da pirâmide. Você já sabe então que o consumo vai cair. A parte macro já estava afetando o varejo”, diz Rubin. “A Americanas atrasa pagamentos, sempre atrasou. Mas de repente um atraso médio de 60 dias passa pra 90”, completa Rubin.
O alerta, portanto, já estava soando, mas o mercado ignorou simplesmente por que não estava prestando atenção.
Educação
Se a saúde financeira das empresas é um enorme desafio para quem gere um fundo, a educação financeira é um dos grandes problemas para analistas de investimentos responsáveis por fazer recomendações de ativos para investidores, segundo Laís Costa, analista da Empiricus, também convidada do programa.
“Estamos evoluindo, mas a grande maioria ainda quer aquela dica de sucesso para mandar no WhatsApp falando ‘olha quanto deu minha carteira hoje’. Ao mesmo tempo, um fluxo muito grande de capital veio da renda variável para crédito. Esses eventos, como o de Americanas, estão trazendo um pouco da realidade para aquele investidor que apenas trocou uma coisa por outra por causa do rendimento. Não queremos que ninguém aprenda com prejuízo, existe esse lado educacional”.
O QUE VOCÊ VAI APRENDER NESTE EPISÓDIO
- Como funcionam os fundos de direitos creditórios, ou FIDCs
- O problema da falta de educação financeira do investidor de renda fixa
- Por que um investimento que dá 1% ao mês é muita vezes ruim
- Como a alta liquidez deixou o mercado cego para os problemas de Americanas e varejo
- Tudo pode virar um FIDC, até shows de artistas sertanejos e jogadores de futebol
CONVIDADOS
Michel Rubin: Diretor de crédito da M8 Partners, atua na estruturação e análise de Fundos FIDCs. Foi Co-Gestor da BVM Investimentos, diretor na Petra Capital e atuou no BankBoston, Hedging-Griffo, Banco American Express e Banco Pine.
Laís Costa: Analista de renda fixa da Empiricus, responsável pela série Super Renda Fixa. Antes, foi estrategista de macro da XP Investimentos em Nova York.
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